Atualmente a maioria das nossas comunidades não se tem cantado o Glória conforme o previsto pela liturgia. Normalmente tem se cantado “cânticos de glória” ou cânticos de louvor alegres e festivos. Os mais comuns são: “Glória, Glória ao Pai Criador, ao Filho redentor e ao Espírito: glória” ou, “Glória a Deus, Glória a Deus, Glória ao Pai...”, ou ainda, “Canto louvores ao Pai, canto louvores ao Pai a Ele louvores e glória”. Com isso tem se esvaziado o que a liturgia da Igreja propõe para este momento e tem-se deixado de lado um belo texto, rico em conteúdo, dos primeiros séculos da Igreja.
Os cânticos que citei acima podem ser cantados em outros momentos comunitários, porém, na Missa eles não são convenientes. Muitos justificam o seu uso dizendo que eles são cânticos trinitários: glorificam ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. No entanto, essa justificativa é fruto de uma catequese litúrgica equivocada difundida nos últimos tempos, que afirma que o Glória da Missa deve ser um canto trinitário. Alguns sacerdotes, inclusive, rezam a jaculatória “Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo...” neste momento da Missa!!! O Estudo 79 da CNBB sobre a Música Litúrgica no Brasil diz claramente: “O Glória... não constitui uma aclamação trinitária”[1].
Vejamos então o que diz a Instrução Geral sobre o Missal Romano a respeito do glória que constitui por si mesmo um dos rito da Missa:
“O Glória é um hino antiqüíssimo e venerável, pelo qual a Igreja, congregada no Espírito Santo, glorifica e suplica a Deus e ao Cordeiro. O texto desse hino não pode ser substituído por outro[2]. Entoado pelo sacerdote ou, se for o caso, pelo cantor ou grupo de cantores, é cantado por toda a assembléia, ou pelo povo que o alterna com o grupo de cantores ou pelo próprio grupo de cantores. Se não for cantado, deve ser recitado por todos juntos ou por dois coros dialogando entre si.
É cantado ou recitado aos domingos, exceto no tempo do Advento e da Quaresma, nas solenidades e festas e, ainda em celebrações especiais mais solenes”[3].
Este hino não tem vinculação alguma com o ato penitencial. Eles constituem dois cantos rituais distintos. Por isso, não é correto fazer o seguinte comentário para o Glória: “Agora que já fomos perdoados, vamos nos alegrar e expressar a nossa gratidão a Deus pelo perdão recebido cantando o glória”.
A seguir apresento uma sugestão para este canto ritual que segue a letra proposta pelo Missal Romano, é de fácil execução e fácil de ser aprendido pela comunidade.
Faça do download da cifra desta música clicando no link abaixo:
08/2009
[1] A música litúrgica no Brasil. Estudos da CNBB 79,n.308.
[2] Grifo nosso.
[3] IGMR. 3ªed. n.53.